Tediosa guarda

Éramos muitos... A elite do Santuário, escolhidos a dedo por Athena e suas armaduras douradas. No entanto... Das poucas vezes que nos reuníamos... Éramos tão diferentes. Cada um com sua pátria originária e passado de treinamentos. Suor e lágrimas, certamente. Mas alguns dos representantes dourados nos traziam maior familiaridade. Eu me conduzia nesse momento pelas escadarias procurando passar mais alguns momentos com uma aliada. Esses laços além de uma grata distração no clima monótono do Santuário, soavam como melhor conhecimento em um momento turbulento que depois poderia vir. Mesmo que o clima ameno aparentava que... Éramos uma força preventiva, mas que dificilmente seria usada. Os reinos mesmo contrastantes pareciam em favorável paz.

Passava por diversas Casas e chegava em Sagitário. A guardiã alada daquela morada sempre me pareceu uma pessoa com uma verdade cativante, e eu gostava de interagir com ela, que era sempre uma certeza de cenas não previstas. Isso era... Interessante. O fogo nela parecia forte, e o elemento desregrado tinha lá a sua imponência. De alguma forma sentia nela uma identificação, diferente de muitos dos demais ali presentes.

Fitando a porta zodiacal proferia antes de avançar.

- Anya. Sou eu, Dario. Posso entrar?

Ficava parado um pouco aguardando a resposta. Ela ali estava? De onde viria a resposta? De bem adiante ou... Do alto? Dos céus.

- Admito que estou um pouco entediado... Se quiser jogar uma conversa fora, posso te servir de companhia.

Fazia um gestual de “err, melhor ser verdadeiro”. Não havia motivos para ter vergonha de querer conversar com uma semelhante, certo?

Não era como se meus vizinhos fossem assim muito conversadores...

Anya estava, como sempre, lendo. Mas naquele momento, ao invés de enfurnada em sua biblioteca, se encontrava na cozinha, com um pequeno exemplar de histórias russas em suas mãos, e uma maçã presa entre os dentes, enquanto folheava as páginas amassadas de tantas idas e vindas.

Sentiu o cosmo determinado e ligeiramente rabugento antes mesmo de ouvir a voz de Dário. Era sempre uma sensação divertida para ela; como se o cavaleiro estivesse sempre procurando briga, mas com um semblante sereno. O cosmo dele oscilou levemente; ele estava... encabulado?

Ela riu o máximo que se atrevia para não perder sua maçã, ainda presa na boca, imaginando o temível cavaleiro de gêmeos enrubescendo. Escolheu outra fruta igualmente madura, e deixou a cozinha.

Mal pisou na salão principal, ainda ligeiramente oculta pelos arcos da casa, ela "atacou" Dário com a segunda maçã, finalmente tirando seu próprio lanche da boca.

- Companhia é sempre bom. - ela disse entre risos, colocando seu pequeno livro embaixo de um dos braços.

Os cabelos soltos que caiam em cascata ao seu redor indicavam que ela de fato não estava estudando. E como sempre, ela vestia uma túnica simples e curta, e mantinha os pés descalços.

Anya não lembrava a última vez que sentira frio, e a sensação de frescor da pedra antiga do santuário sob seus pés era simplesmente única.

- A tarde está ótima; quer subir? - ela o convidou ao terraço; sem dúvida um dos espaços favoritas dela. Provavelmente, depois da biblioteca.

Estava aguardando... Realmente era difícil prever alguém que além de ser movida pelo elemento fogo, era detentora de... Asas. Mas não demorava a resposta dela vir. Primeiramente em formato... Explosivo?

Em um movimento rápido de braço, um pouco defensivo, capturava o projétil com uma das mãos. Quando ele ali chegava o visualizava por alguns instantes, antes de proferir de uma forma brincalhona com um sorriso infantil se formando em face.

- Esse novo golpe é bom, Any... Imagino que consegue quebrar uns crânios com um lançamento encoberto nessa velocidade. Esse golpe já tem nome? – ria um pouco avançando a passos lentos na direção que a voz vinha. Mantinha a maçã em mãos enquanto caminhava de forma a aceitar o seu convite. Ela tinha me permitido seguir, afinal.

- O terraço parece ótimo... Eu gosto muito de observar a vista da minha Casa, é um dos meus passatempos preferidos. A localização de Sagitário, somada a esse terraço trás uma visão ainda mais bonita, do Santuário e de minha Terra natal. Rodorio. É difícil resistir a esse convite – caminhava calmamente, a seguindo, considerando que não gostaria de soar como um espaçoso na Casa de outro. Eu respeitava bastante as demais Casas... Diferente de Dagon eu não sentia prazer a invadir espaços alheios.

Enquanto a deslocar apontava para próximo do chão. Por mais que ela fosse uma amazona dourada e pudesse parecer idiota dizer aquilo, eu tinha a tendência de ver a todos como seres humanos, e... Seres humanos tem as suas fragilidades inerentes à vida. Era tolice negar.

- Você pode acabar pegando um resfriado, Any. Porque insiste em não usar os calçados? No mínimo vai te poupar de ter um pé preto no final do dia – sorria novamente. Ela possivelmente não entenderia, mas eu tinha o hábito de me preocupar com pessoas que considerasse... Importantes. E não era como se opiniões fossem muito eficazes comigo, ou com meu irmão. Gêmeos certamente nos amaldiçoara com um nível de cabeça dura de respeito.

Chegando ao terraço me sentaria, enfim pegando a maçã e dando uma mordida determinada nela, enquanto um punhado de pensamentos me rodeavam a mente.

- Você sempre quis ser uma amazona, Any? – meus olhos agora eram mais sérios, e buscavam os dela com algum tom de curioso questionamento.

- Eu e meu irmão desde novos estamos inseridos nesse mundo bem específico de Rodorio, então ambientados com essa jornada que a nós é praticamente um sonho desde novos. Muitos são quebrados percorrendo o sonho... Outros poucos o conseguem – mais uma mordida. Agradecia pelo direito de poder consumir aquele alimento, e não ter sido por ele nocauteado.

- Você é de longe, certo? Era realmente o que queria?

Eventualmente eu fazia essa pergunta a todos... Ela dos ali presentes era dos que estavam comigo há mais tempo naquela fortaleza Grega. Mas por algum motivo... Esse questionamento se adiou até esse momento. Motivação. O que motivava cada um? Eu precisava saber o que cada um sentia sobre aquela tarefa... Sobre aquela sina. Mesmo porque. Eles guardavam as minhas costas, e nossa Deusa. Além de que... Era uma tarefa que nos fazia abdicar de... Uma vida normal.

- Deixando claro, fico muito feliz que esteja conosco nessa. Só quero saber se... Está feliz com isso tudo.

Olhava então para o céu. Que era maior e mais significativo que qualquer um de nós. Ela tinha ali com ela realmente um ambiente privilegiado.

Dario de Gêmeos escreveu:
- Esse novo golpe é bom, Any... Imagino que consegue quebrar uns crânios com um lançamento encoberto nessa velocidade. Esse golpe já tem nome?

Ai que drama! Anya riu enquanto liderava o caminho até o terraço

- Pensei em algo poético como... Punição Capital! - ela balançara os braços numa pose exagerada, terminando com as mãos solenemente cruzadas, como em reza. Ou tão solene quanto ela podai ser segurando uma maçã meio mordida - Mas seus reflexos estão bons; já pode considerar um treino feito hoje. Agora ninguém pode reclamar de jogarmos conversa fora. - ela não escondia o tom de desculpa esfarrapada em sua criação.

Ela sabia que Dário gostava do terraço. Mas também, quem não gostaria? Ela tinha de concordar que seu pequeno refúgio tinha de fato uma vista de tirar o fôlego. Chegando lá, uma mesa com uma jarra d'água e uma caixa com velas indicava que Anya também passava bastante tempo lá.

Dario de Gêmeos escreveu:
- Você pode acabar pegando um resfriado, Any. Porque insiste em não usar os calçados? No mínimo vai te poupar de ter um pé preto no final do dia

Ela riu novamente da preocupação do companheiro. A quanto tempo ela não ficava doente mesmo? Na verdade, nenhum deles. Rapidamente a imagem mental de Charlize, com toda a sua elegância e imponência, lutando com o nariz escorrendo assaltou a mente de Anya, quase fazendo-a cair na risada.

- Você sabe que fatores climáticos não nos deixam doentes, mas sim microrganismos, não é? - ela indagou, sentando-se no parapeito do terraço, cruzando as pernas sobre a estreita superfície, deixando Dário escolher onde preferia sentar - Desde o século passado que Antonie van Leeuwenhoek enviou esses manuscritos para a Royal Society e mesmo em Cambridge o pessoal vivia revirando as cópias daquilo. - ela ameaçava começar a falar sem parar, mas um olhar não tem discreto assim para a sola de seus pés a fez mudar o rumo da conversa - Aqui não é tão sujo assim; só molhar os pés já é suficiente. A sensação de pisar na pedra fresca vale a pena o trabalho. Você devia tentar um dia. - ela aconselhou, mordendo mais um pedaço de sua fruta.

Dario de Gêmeos escreveu:
- Você sempre quis ser uma amazona, Any?

A pergunta a pegara desprevenida. Ela estava lá a bastante tempo, mas nunca realmente pensara nisso. Enquanto mastigava devagar, ela pensava. Sua mente voltava muitos anos atrás, enquanto sua maior preocupação era o que estava acontecendo nos jardins dos colégios de Cambridge.

- Sempre é uma palavra forte. - ela se deixou divagar, apreciando a vista também - Mas também se você me perguntar o que eu queria ser antes de descobrir sobre o santuário, também não tenho uma resposta para isso. Mas se você quer mesmo saber, eu já me meti em muito mais brigas do que tenho orgulho de contar antes de Ryan me encontrar. - ela riu, como que embaraçada de sua infância. Será que aqueles três meninos, seus "inimigos" mais frequentes, estavam bem? - Para horror de minha mãe, eu já era uma guerreira da justiça assim que consegui andar sozinha pela vizinhança. Ou pelo menos, era assim que eu me via. Tanto que houve muito pouca discussão considerando que um homem estranho levou sozinha uma garotinha de 7 anos para o outro lado do continente.

Ela ponderava. Sim, escrevera para os pais e as vezes até recebia resposta, mas será que eles a reconheceriam caso fosse visitá-los um dia? Quando ficassem velhinhos e cansados de trabalhar, ela poderia trazê-los para Rodório? Coisas que quase nunca passavam pela sua cabeça, mas que estavam lá.

- Sim, eu estou feliz com isso. Você consegue me imaginar cuidando da livraria da minha mãe? - ela riu, afastando a possibilidade - Eu sempre tive a tendência a tomar a luta dos outros nas mãos... Por que não tomar a do mundo todo? - ela voltou a olhar para Dario - Afinal, algo tão bonito assim deve ser protegido, não é?

Ela apontava o Santuário, Rodório e por fim o mar que podiam ver de seu terraço.

- Você falou que muitas crianças de Rodório sonham com essa posição. Era o sonho de vocês também? a pergunta era tanto para Dario, quanto para Dagon.

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O humor dela seguia existente, isso era bom. Sorria de forma branda. Via os movimentos engraçados de braço e aquilo de alguma forma me divertia.

- Verdade. Não podem mais alegar que estamos de corpo mole – as palavras saíam com igual gracejo. Não que não imaginasse importante treinar... Era que realmente sentia falta de falar com as pessoas. Éramos humanos, afinal, sujeitos sociais.

“Microrganismos”. Esse era o tipo de coisa que mesmo que muitos poderiam pensar, só enxergava ela falando. Dali parecia que viria um discurso, e eu já me preparava endireitando o corpo a fitá-la, mas ela mesmo se conteve antes disso. Falava que eu deveria tentar ficar descalço, que era bom, e aparentemente não se importava com os pés sujos.

- Acredito que esse costume é corajoso demais para mim. Acabei me habituando à segurança dos calçados – a voz saía verdadeira. Eu gostava de conversar com Anya, e muito disso vinha de nossas diferenças, mesmo nas mínimas coisas. Mesmo em usar sapatos ou se aventurar a pé. Interagir com ela despertava um lado menos engessado em mim... Um lado que quando nascemos ficou mais a preencher meu irmão. Dagon.

“Uma palavra forte”. Redobrava a atenção vendo ela desenvolver sua resposta, que abordava aspectos de sua história, de seu passado e infância. A expressão que tomava sua face de certa forma me sensibilizava, era de uma franqueza e certo teor grato de pensar sobre onde seus pés haviam passado. Os pés pretos? Talvez... De qualquer forma, parecia um sentimento bom, e me perdi alguns instantes a apenas a olhar de forma contemplativa. Até que... Voltei a mim.

- Seu ímpeto desde nova claramente prova o porque está aqui – ria divertidamente, imaginando uma garotinha pequena se embolando no chão com crianças valentonas maiores. Eu de certa forma imaginava que ela deveria ser mesmo assim. De certa forma uma versão diminuta e mais fofa do que ela era hoje. Que se tornaria em Anya de Sagitário, uma companheira de armas. Mas de qualquer forma algo maior que nós, como Athena, parecia desde cedo nos observar e escolher, nos guiando com cuidado até chegar a esse momento. Algo... Interessante. Tantos rostos, tantos sonhos. Agora, um objetivo unia a todos.

- Imagine só... Uma Anya da biblioteca, toda atarefada. Cuidando de livros e tomando cuidados com os microrganismos. Por vezes usando sapatos – abria um sorriso amplo antes de seguir com a brincadeira – consigo imaginar facilmente.

O que ela dizia no entanto de alguma forma me desarmava. Era exatamente como eu pensava.

- Concordo. Toda essa beleza tem que ser guardada – o tom era afirmativo, assim como munido de grande determinação. Como se os olhos brilhassem em chamas enquanto as palavras eram ditas. Meus olhos se mantinham mais presos em Rodorio e em sua simples, mas satisfatória perfeição.

- Dagon sempre foi do tipo lutador. Eu enxergo muito dele em você, talvez seja por isso que goste tanto de você, Any – fitava os olhos dela calmamente antes de seguir. Olhava o resquício de maçã que insistia em se manter existente. Assim como a maçã estava devorada, Dagon era um agente da destruição – ele sempre quis uma armadura dourada, e usou com fervor de seus punhos para a conseguir. Muitos não entenderam porém suas motivações, e variadas portas foram batidas em sua cara, mesmo que fosse um sujeito brilhante – recordava dos rostos de nossos mestres. Tantos foram... Tantos o rejeitaram. Seria justo?

- Eu nunca gostei de lutar, Any. Mas infelizmente a vida não é feita apenas do que gostamos, e eu aprendi isso cedo. E você deve ter descoberto também que se não lutarmos, outros não lutarão as nossas batalhas. E as daqueles que não tem forças para lutar – principalmente as daqueles que não tem consigo a força necessária, e não merecem o destino que lhes é apresentado – então passei a buscar também esse sonho. Não necessariamente de ser um cavaleiro de ouro, mas de fazer o que minha mãe, uma amazona, sempre fez, proteger os outros. Se sujar minhas mãos pudesse proteger as famílias, esse era um preço pequeno a se pagar.

Sorria... Como os demais cavaleiros de ouro... Eu e Dagon, tão diferentes, mas unidos na mesma luta.

- Ajudei Dagon em sua busca, assim como ele me ajudou. E juntos, mesmo cada um com suas motivações, estamos aqui. Eu aqui com você e ele... – parava olhado para o alto com certa graça no olhar – ele possivelmente socando algo ou alguém.

Conversar com Dário era sempre interessante, até para que ela pudesse pensar em coisas que normalmente não lhe passavam pela sua cabeça.

Dario de Gêmeos escreveu:- Dagon sempre foi do tipo lutador. Eu enxergo muito dele em você, talvez seja por isso que goste tanto de você, Any – fitava os olhos dela calmamente antes de seguir. Olhava o resquício de maçã que insistia em se manter existente. Assim como a maçã estava devorada, Dagon era um agente da destruição – ele sempre quis uma armadura dourada, e usou com fervor de seus punhos para a conseguir. Muitos não entenderam porém suas motivações, e variadas portas foram batidas em sua cara, mesmo que fosse um sujeito brilhante

- Comunicação não é exatamente o forte dele. Ainda bem que você está aí para ajudá-lo. - ela comentou. Mesmo que Alastair fosse um velho rabugento, ela nunca se sentira negligenciada muito menos abandonada. Devia ser duro passar por isso de novo e de novo - Dizem que somos escolhidos pelas armaduras por termos algo único; não só força. Mas nem todos são preparados para lidar com pessoas diferentes.

Dario de Gêmeos escreveu:- Eu nunca gostei de lutar, Any. Mas infelizmente a vida não é feita apenas do que gostamos, e eu aprendi isso cedo. E você deve ter descoberto também que se não lutarmos, outros não lutarão as nossas batalhas. E as daqueles que não tem forças para lutar – principalmente as daqueles que não tem consigo a força necessária, e não merecem o destino que lhes é apresentado – então passei a buscar também esse sonho. Não necessariamente de ser um cavaleiro de ouro, mas de fazer o que minha mãe, uma amazona, sempre fez, proteger os outros. Se sujar minhas mãos pudesse proteger as famílias, esse era um preço pequeno a se pagar.

- Não é uma questão de gostar de lutar; mas sim gostar do pelo que se luta. - Anya pontuou de forma quase simplista - Ninguém gosta de lutar por lutar, de por a vida em risco. E os que dizem que gostam, na verdade são atraídos ou pela adrenalina do perigo, ou pela satisfação da superação. - ela terminou olhando para Dário com aqueles imensos olhos azuis escuros, mas parecia estar falando com alguém atrás dele, como desafiando Dagon a discordar dela - Para mim, na maioria das vezes é uma questão de princípios; eu não consigo ver algo que ache errado e simplesmente virar os olhos. Acho que no fim, sou mesmo intrometida. A diferença é que posso obliterar uma montanha caso precise. - ela riu com confiança.

- Ele fala muito, mas não necessariamente bem – um sorriso tenro tomava a face enquanto falava aquilo, e esperava que não chegasse aos ouvidos dele. Seria mais um tema que não chegaríamos a um acordo, não que eu realmente quisesse chegar. Algumas coisas eram óbvias, não mereciam o desgaste da discussão – sim. Acredito que por algum motivo especial eu e meu irmão trajamos Gêmeos hoje, a armadura dos dois rostos, assim como você veste a armadura das asas douradas – falava aquilo enquanto a olhar para a vista um pouco perdido com a atenção presa. De alguma forma esperava que aquela beleza e paz perdurassem para sempre. Que vestíssemos as cloths por mera prevenção... Não era um amante das lutas, certamente.

- O que você fala faz sentido... De fato. De forma geral erguemos os punhos para proteger algo ou alguém – olhava as pontuações dela com certa atenção, absorvendo as palavras que tinham um teor pessoal, mas também engraçado. Ria um pouco com o desfecho, fitando os olhos dela de forma calma – uma intrometida com o poder das estrelas nos punhos. Certamente uma combinação perigosa.

- Dagon ousa te desafiar por vezes para calorosos treinos. Não nego que ele tem coragem. Espero que ele esteja lembrando de trajar nossa armadura, como aconselhei – uma lembrança boa do irmão se ascendia na minha mente leve – mas eu prefiro passar os momentos contigo vendo a paisagem mesmo. Me parece mais saudável o lado observador de uma sagitariana.

Anya se divertia em ver como os irmãos "administravam" sua situação peculiar. Mas ria abertamente das preocupações de Dario.

- AH VAMOS! - ela riu balançando o corpo - Por isso que ele te chama de molenga... - ela deixou escapar e se recompôs, como que percebendo o ato falho - Você faz parecer que eu sou como aqueles capitães que competem quem faz mais aspirantes desistirem a cada semana. Eu não sou tão ruim assim; você devia vir treinar um dia para descobrir.

Anya o convidou, passando a assistir o sol que terminava de se por.

- Mas oposto que não é só Dário quem prefere trocar golpes comigo do que me ouvir falar... - ela falou com humor - Mais de uma pessoa já correu diante da ameaça.

Enquanto ria de sua própria peculiaridade, ela deixava o calor dos últimos raios de sol abandonar sua pele, sendo rapidamente varridos pelo vento noturno, que carregava o cheiro de sal do mar bem abaixo.

Ela deixou seus olhos brilharem de cosmo, observando como que em zoom a vida se recolher; pequenos pontos de luz começavam a marcar os contornos do relevo e pessoas voltavam para casa, e logo apenas seus contornos eram percebidos na fraca luz do ocaso.

A "vida" terminava mais um ciclo, pronta pra seguir adiante. Internamente, ela esperava que aqueles ciclos continuassem iguais e imutáveis daquela forma por bastante tempo.

- Molenga?... - repetia aquilo de forma um pouco surpresa. Então era assim que ele se referia a mim aos demais? De qualquer forma era bem a forma dele pensar, certamente. Sorria em um ar sereno, sem qualquer irritação ou remorso - heh, não quis deixar tal impressão, você é uma pessoa confiável, sua determinação que de certa forma intimida - os olhos certamente brilhavam com a continuidade na medida que um sorriso divertido se moldava - mas virei algum dia, então. Ver se consigo te entreter no treinamento.

- As suas falas podem ameaçadoramente de certa forma me fazerem rir ou me distrair... Certamente coisas imperdoáveis a um guerreiro - ria de forma branda. Aqueles momentos de diálogo sem compromissos tinham a mim grande valor... Era bom poder me aproximar ainda mais de meus companheiros de armas, aquilo me alegrava como poucas coisas. Nunca me arrependeria de momentos assim, e na verdade eu preferia uma vida repleta de momentos como esse. Aproveitava para curtir cada instante naquele cenário que não tinha em minha Casa.

Via a luz começar a deixar os arredores, recolhendo a vida e os movimentos... Fazendo tudo vagarosamente pender para o repouso... A calmaria. Mas com a calmaria, vinham os riscos. Ainda mais para as primeiras barreiras do Santuário.

- Chegou a hora de ir... Vou te deixar repousar. E não deveria falar, mas Dagon não gosta de ficar sozinho quando no escuro - ria de forma um pouco brincalhona já me levantando para ir embora.

- Até mais, Any. Se cuide, me prometa - fazia um sinal de mão e iniciava a retirada. Fitando rapidamente seus olhos antes de ir.


A noite guardava fantasmas antigos e rostos obscuros que desejavam se revelar... Mas a armadura gêmea aprisionaria a todos com más intenções para com os seus. Não eram ali bem vindos, e seriam guiados de forma brusca para o outro mundo.